1. |
nada vazio nasce só
00:44
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um animal exponencial
se vira do avesso
entranhas doentes coalescem
o primeiro rosto humano
línguas de bílis retorcem:
esventramento é lei
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2. |
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o patíbulo pende ereto no teto
ele ri com o berço de cálcio nas mãos
moendo fantasmas no labor lar altar
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3. |
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terror aquoso espraia
da órbita que explode
estilhaços de um sonho antigo
caem de destroços futuros
das fronteiras costuradas
por visões de massacre e esplendor
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4. |
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ventres abertos na vala dourada
planeta abismo oceano dá à luz
calor-come-sangue
rasteja no horizonte
e um deus estranho se faz sol
enraizado no abate
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5. |
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mãos apodrecem
assim que abrem
no cultivo de si
sementes parasitas
germinam dupla-hélice
o outro ou presa ou eu
anjos siameses
suicidam se olhando
no espelho de desfiguração
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6. |
o desmanchador de ar
01:17
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vírus maquínico náufrago
do universo da fome abstrata
faz do corpo instrumento
e do planeta hospedeiro
na falésia primitiva
onde a metástase acumula
tudo que nunca e sempre foi
se arruína em algarismos
que ninguém sabe ler
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7. |
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o dente é o mais limpo dos ossos
mas a entropia da imundície avança em golfos
e toda matéria é carne e vácuo à espera
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8. |
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desnascido serpenteia
no labirinto da epiderme
prisão flutua cemitério
dando sombra e forma ao vulto
sob o trono alabastro
nervos fisgados no subsolo farpado
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9. |
câncer mosaico
00:35
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facas do antes cortam o agora
e a terra se desfaz
colossos invisíveis devoram
solo preto e metal rápido
um pólo paralisa outro acelera
tântalo solve
tempo coagula
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10. |
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necrofetichistas espiralam do lodo
cabeças pálidas clamando ensanguentadas
aquele homem no fundo de tudo afia o nada
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11. |
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carontes cruzam desertos
e tocam a meninge nuclear
pesadelos vazam de fora
ou de dentro ou de fora
choram:
quem compôs esse salmo que cantamos?
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12. |
vida morte extermina
01:38
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ninguém testemunha simbiose planetária
fungo-rei contamina mutação irrefreável
dejeto morte vida se emaranham
dilúvio térmico súbito rompe
areia sopra pelo crânio-luz
o tempo não existe mais
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Brava São Paulo, Brazil
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