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A lenda da pianista enterrada viva

by Nelson Pinton e Marco Scarassatti

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A câmara 07:49

about

[PT]

O piano é como que o guardião do temperamento ocidental. Todos os demais instrumentos lhe pedem para “dar tecla” a fim de se afinarem. O que este álbum tem de diferente é o fato de associar o piano - um piano que, decididamente, não soa como os concertantes (há salas de espectáculo que se recusam, ainda hoje, a programar projetos que impliquem preparações das cordas dos seus Steinways) - a uma miríade de recursos de áudio dificilmente identificáveis que não só contrapõem ruído a “tempero”, como o engolem nas suas lógicas (sonoras, estruturais, processuais). Quando, em “Quando morre vira caniço”, ouvimos um cordofone, algo de reconhecível e imediatamente visualizável, o piano já está desalinhado com a sua própria condição… digamos... pianística, aquela que foi definida pela história e pela linguagem que desenvolveu, mas também à que diz respeito às conversões “hiper-piano” a partir de Henry Cowell e John Cage. Por que? Porque os parâmetros definidos são outros que não os do continuum conservatorial de que saíram Cowell e Cage (mesmo que em ruptura, como por exemplo a do segundo com a “ditadura da harmonia” de Beethoven).

Ao chegarmos a “Are you there”, com o dito piano já desaparecido, o que encontramos é uma viola de cocho (um dos mais identitários instrumentos tradicionais do Brasil), primeiro com vagas alusões ao blues e depois com abordagens texturais em entrechoque com uma eletrônica que não é propriamente a da linhagem acadêmica (a dos computadores e sintetizadores gigantes das universidades norte-americanas da década de 1950), no que passa por um “statement” sobre a natureza do experimentalismo como uma corrente da música popular, porque bem longe de qualquer emolduramento “erudito” ou de “alta cultura”. Aqui, a ausência do piano é, já por si, uma presença. E claro que este volta logo em seguida, para um outro manifesto em que se transfigura por completo a ideia de um duo de jazz entre saxofonista ou trompetista e pianista. O título não podia ser mais alusivo: “Tempo e memória”, um e outra criando uma paradoxal ambivalência entre desvanecimento e reminiscência.

A música desta dupla é feita de fumaças, mas estas fumaças não tapam, deixam antes perceber, nas nesgas em que entra a luz, tudo o que é patrimonial no entendimento que hoje temos da música ao nível planetário, ainda que com perspectiva territorial, a do espaço brasileiro, num “glocalismo” (porque global e local ao mesmo tempo) que nos deixa permanentemente intrigados. É isso que torna este disco tão singular e tão importante de ouvir.

Rui Eduardo Paes

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+ sobre Nelson Pinton - brava.etc.br/nelson-pinton
+ sobre Marco Scarassatti - brava.etc.br/marco-scarassatti

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[EN]

The piano is like the guardian of the Western temperament. All the other instruments require it to strike a key for them to be tuned. What is different about this record is how it associates the piano - a piano whose sound is undoubtedly not traditional (there are concert halls that still today refuse to put on programmes which require string preparations for their Steinways) - with a myriad of barely recognisable audio resources which not only contrast noise with being tempered but also engulf it in their logistics (sound, structure, and process). In “When you die turn reed”, when we hear a chordophone (something recognisable and immediately visible), the piano is already out of alignment with its own... pianistic condition, we might say... one that was defined by the history and language that it developed, but also with regard to “hyper-piano” conversations since Henry Cowell and John Cage. Why? Because the parameters defined are others and not those of the conservatory continuum from which Cowell and Cage emerged, and from which they even broke away (for example, the latter’s break with Beethoven’s “dictatorship of harmony”).

When we reach “Are you there”, with the aforementioned piano now having disappeared, what we come across is a viola de cocho (one of the most traditional instruments in Brazil). First, with vague allusions to the blues and then with textural approaches colliding with electronica that is not strictly academic in lineage (the gigantic computers and synthesizers of North American universities from the 1950s), in what passes for a “statement” on the nature of experimentalism as a current of popular music, for it is far from any “erudite” or “high cultural” framing. Here, the absence of the piano is, in and of itself, a presence. Of course, it soon returns for another display of how the idea of a jazz duo involving a saxophonist or trumpeter and pianist is completely transformed. The title could not be more allusive: “Time and memory”, creating both a paradoxical ambivalence between fading away and reminiscence.

The music of this pairing is the stuff of smoke, smoke that does not conceal but which instead, in the gaps where the light gets in, permits everything which is required for the understanding we have today of music at a global level to be perceived, although with a territorial perspective: the Brazilian space in a “glocalization” (global and local at the same time), leaving us permanently intrigued. That is what makes this record so exceptional and so important to listen to.

Rui Eduardo Paes

credits

released May 17, 2022

[PT]

Nelson Pinton - piano, piano preparado, eletrônicos
Marco Scarassatti - piano, tampo do piano, máquina de escrever, viola de cocho, trompa Kirk Roland (instrumento de fabricação própria)
Todas as composições por Nelson Pinton e Marco Scarassatti
Gravado no Vitrola Digital Studio, Campinas /SP entre 2017 e 2019
Mixagem e masterização por Nelson Pinton
Design e arte da capa por Bruno Nunes
Lançado pela Brava Edições em Maio de 2022

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[EN]

Nelson Pinton - piano, prepared piano, live electronics
Marco Scarassatti - piano, piano lid, typewriter, viola de cocho (traditional brazilian instrument), tromp Kirk Roland (homemade instrument)
All compositions by Nelson Pinton and Marco Scarassatti
Recorded at Vitrola Digital Studio /SP from 2017 to 2019
Mixing and mastering by Nelson Pinton
Design and cover art by Bruno Nunes
Released on Brava Editions in May 2022

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